Vencido o medo

roberto gamito
1 min readMar 9, 2020
Photo by Joel Filipe on Unsplash

Não quero que as feras se afunilem
ao atravessar o arco

não quero que o circo se desmorone
para abafar a queda do trapezista

não quero falar do inferno
que é descer pelas escadas ingratas
da memória
regressar à infância como estrangeiro
assassinar à queima-roupa os dias
onde nos perdemos

enobrecemos em canto as brisas
cerzimos dias calmos
em tempos tempestuosos.

Mas se não podemos falar da morte
o melhor é recomeçar:

Do outro lado do fogo
as cinzas esperam-no

burilado pela memória
o sismo é acariciado num exercício
de sílabas ofegantes, trementes
o nome do animal cai do animal, o cavalo
o nome, o Mongol, o poeta, o palhaço e a luz

vencido o medo, o vulcão torna-se local de pesca
a necessidade de ver Prometeu em todos estrangeiros, anedótica.

Finalmente prontos para o poema:

Fechas os olhos
ela despe-se
a memória
o quarto.

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Written by roberto gamito

A tensão da narrativa aumentou…e o narrador morreu electrocutado. @robertogamito

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