Uma cadeira às costas
Atravessa a escoada piroclástica do ruído
com uma cadeira às costas
impede-a de se armar novamente em Medusa
a história está cheia de Pompeias
não empregues subterfúgios, enfrenta-a
de olhos afincadamente abertos
com a dança aprendida nas aulas
de escapar às esparrelas e aos fojos
ocultos na planície domesticada.
A memória muscular salvar-te-á, previno-te,
quando dos gestos, perros, obsoletos, não sair
nenhuma música. Lega as elegias aos vindouros, o teu tom é outro.
E quando te disseram “agora move-te”
tem a audácia cristalina de te estacares na cadeira
diante do teu fado
e irrepreensivelmente parado ripostar:
Não sou uma mercadoria, não preciso de movimento
para me valorizar
os homens fazem-se parados
a debater-se contra o inominável
até que de um nome, outrora em ruínas,
surja, de novo, e com renovado ímpeto,
uma inédita Alexandria.
Agrupem-se em coro as sereias, em canto ou em silêncio,
aninhem-se os deuses na mesma fúria
têm de vir com tudo
se a intenção é derrotar-me.