Rastro canoro

roberto gamito
1 min readAug 28, 2018

Se olhássemos os poemas de outra forma
a uma luz mais ordinária
perceberíamos que o poeta não faz outra coisa
senão percorrer o seu rosário
de adversidades, provações e despedidas
rezando subterraneamente pelo impossível.

Tal como o primeiro dos primeiros
o poeta é aquele que testemunha o abismo
e enquanto cai, simulando o mito de Sísifo na queda de Satã,
vai deixando atrás de si
graças ao sangue
um rastro canoro de hieróglifos nas escarpas.

A mensagem terá de ser cifrada
caso contrário o leitor seria incapaz de sair vivo do poema.

Sign up to discover human stories that deepen your understanding of the world.

Free

Distraction-free reading. No ads.

Organize your knowledge with lists and highlights.

Tell your story. Find your audience.

Membership

Read member-only stories

Support writers you read most

Earn money for your writing

Listen to audio narrations

Read offline with the Medium app

roberto gamito
roberto gamito

Written by roberto gamito

A tensão da narrativa aumentou…e o narrador morreu electrocutado. @robertogamito

No responses yet

Write a response