Não me procures
Não me procures na espuma dos dias. Não encontrarás o meu nome na língua dos meus contemporâneos, nem a minha estatura em profecias apocalípticas.
Não sou o Eu diante do qual te ajoelhas, nem estou debaixo de nenhum holofote, não serei vítima de mais um ego provinciano, o meu cansaço,
se posto por extenso, é mais extenso que a tua pátria, mais a pique que a beleza da mais felina das mulheres. Não compreendes, todavia o mérito não é teu, as interpretações umbigocêntricas definham diante do fogo.
Diante do fogo, a história bifurca
do forte ao fraco um caminho
do fraco ao forte outro.
Nos estábulos onde ensaiámos o lume, recebi a noite
como quem recebe uma mão assassina no pescoço.
Trago comigo os sorrisos dos humilhados,
as últimas palavras dos suicidas,
não escondo a minha vulnerabilidade
sob uma avalanche de gritos
a minha mão é mais vasta que o teu reino,
ó rei imortal mil vez degolado e logo renovado.
…
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