Nos murros os vocábulos
Tantas foram as ocasiões em que, destituído de esperança, escondia vocábulos entre os murros, despiciendas eram as estratégias de fazer frente às noites ferinas. Foram noites danadas a insuflar encalhados cachalotes ao sopapo. A mão conduzida pelo abismo, de costas para a superfície, tornou-se ela própria um animal liberto da minha vontade. Morrer é impraticável agora que o Diabo se acoitou no meu silêncio à espera de deslindar o futuro do Inferno. Há um desacordo entre as nossas noções de fogo. Não procuro a eternidade, procuro sim, na escrita, o ponto de ebulição do mármore. E — mais ou menos isto já seria outra coisa — de nada vale preludiar poeticamente a minha chegada ao teu corpo, se a tua boca é inábil no cerco à noite tornada tua pela conquista. No zénite da apócope, as palavras mínimas diluídas no orgasmo.