Nos murros os vocábulos

roberto gamito
1 min readMar 17, 2018

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Tantas foram as ocasiões em que, destituído de esperança, escondia vocábulos entre os murros, despiciendas eram as estratégias de fazer frente às noites ferinas. Foram noites danadas a insuflar encalhados cachalotes ao sopapo. A mão conduzida pelo abismo, de costas para a superfície, tornou-se ela própria um animal liberto da minha vontade. Morrer é impraticável agora que o Diabo se acoitou no meu silêncio à espera de deslindar o futuro do Inferno. Há um desacordo entre as nossas noções de fogo. Não procuro a eternidade, procuro sim, na escrita, o ponto de ebulição do mármore. E — mais ou menos isto já seria outra coisa — de nada vale preludiar poeticamente a minha chegada ao teu corpo, se a tua boca é inábil no cerco à noite tornada tua pela conquista. No zénite da apócope, as palavras mínimas diluídas no orgasmo.

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Written by roberto gamito

A tensão da narrativa aumentou…e o narrador morreu electrocutado. @robertogamito

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