Não há como
Não há como disseminar
com este vento a hipótese
de regresso.
Com o que resta desta língua
escutas os suspiros de Deus
dentro do ataúde da descrença
segundo a segundo
a marcar o tempo.
É imprescindível prosseguir
ainda que as palavras surjam baralhadas
em silêncios estéreis
e os homens
empenhadamente assustados
entre duas paredes
a oferta e a procura
palestrem com dignidade rasa
a sua versão de homem livre.
Antes
homem empenhadamente bípede
detectando no pó
dos livros as vozes
livres qual Xamã.
Em transe
abocanhar a cru a realidade deliciosamente palpável
estancando o orifício
por onde copioso sai
o eco pútrido.